sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

A tradição de direita

Diz o doutor Rio: "O PSD não é um partido de direita nem é a direita, é um partido social-democrata e a social-democracia é ao centro, não é à direita nem à esquerda." Em primeiro lugar, Rui Rio está equivocado. A social-democracia sempre foi de esquerda. Que o antigo PPD se tenha dado o nome do PSD, isso não passou de um mero expediente. A social-democracia está ligada ao movimento operário e evoluiu de movimento revolucionário para movimento reformista, sem deixar de ter essa relação com o mundo do trabalho e dos sindicatos. Em segundo lugar, o centro pode ser conquistado sem necessidade de recorrer à tradição social-democrata. Em muitos países uma combinação de pensamento democrata-cristão e de pensamento liberal - por vezes, mesclado com pensamento conservador - tem tido capacidade de mobilizar o centro e fornecer alternativas de governo sólidas, muitas vezes mais atraentes para o eleitorado do que as alternativas social-democratas. Já era tempo em Portugal de nos deixarmos deste tipo de fogos de artifício. Portugal já tem demasiados partidos social-democratas (do PS ao PCP, passando pelo BE, todos têm programas de governação social-democratas). Não seria mau para a democracia que a direita tivesse alguma solidez ideológica. A cada um a sua tradição. E se a tradição da direita tem de ser inventada, ao menos que a invente fora do território da esquerda.

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